terça-feira, 14 de agosto de 2012

Voltas

Uma nova manhã sombria e assustadora se aproxima. Mais um dia, mais uma oportunidade, mais um obstáculo...Mais um.
Não o único ou mais doloroso. Não o mais fácil ou o mais importante, mas quem vai nos dizer se justamente não foi o pior? Se na manhã que se segue o pior pesadelo pode virar realidade ou que o maior sonho torne-se pesadelo.
A cada nova brisa que carrega as folhas mortas, com ela traz suspiros e sussurros, promessas e palavras soltas em algum momento da vida. Essas saem, livres enfim, soltas da prisão da mente e percorrem ruas e avenidas, becos e vielas na esperança de serem ouvidas. Gritos de dor ou desespero, medo ou agonia, alegria ou paixão. São rugidos ou ganidos, são notas musicais desprovidas de acorde. São compassos desconexos em busca de seu lugar. São frutos de um ser, um alguém no meio da multidão ou do nada, perdido, sozinho, desolado, incompreendido...
Apenas alguém que não teve quem o escutasse. Mesmo gritando e rezando para que alguém possa ouvir suas preces. Já não tem mais esperança, mais ainda possui fé. Um sentimento oculto em seu coração, uma voz baixinha que sempre está ali, que te diz aonde ir e oquê fazer e por mais que ás vezes pareça irreal, nunca o abandona. É a voz da metade que falta para tudo ser completo. É a voz da felicidade, é a voz da razão, é a voz do responsável por todos viverem..
Mas, é uma voz que só pode ser compreendida se o coração estiver aberto a ouvi-la . Se estiver preparado a receber todo o amor que pode oferecer. É especial e rara, deve ser preservada e mantida ali, bem guardada, a sete chaves de seus pensamentos.
Porém, há um momento em que essa voz se rebela e sai. Esbraveja ao mundo o quanto fora maltratada, diz que nada disso faz sentido, que deseja encontrar a paz que tanto procurou e em fim a encontra. Na angústia pela perda da voz que lhe seguia, decide ir atrás do som, decide ouvir o que tem a dizer. Joga-se portanto nas águas escuras do silêncio. O vento sopra furioso ao longe e as águas estão irritadas pois há uma voz solitária a espera de seu dono, até que enfim se encontram. O reencontro ocorre em meio ao turbilhão de outras vozes solitárias em busca de suas moradias, dos pensamentos que as geraram e foram abruptamente separadas para que no fim pudessem ter o final feliz que tanto desejaram..
Em meio ao turbilhão e o alvoroço, enfim o silêncio, a paz, a tranquilidade do nada, do fim, do propósito da vida que nada mais leva até a morte!

E assim, dia após dia essa cena se repete em algum lugar, para todas as pessoas, para todos os seres e o último ato de uma encenação denominada vida, tão curta para não ser vivida e tão intensa quanto possa ser em uma simples fração de segundo, em um ultimo suspiro, o ultimo som e o grande final.