sexta-feira, 6 de abril de 2012

Assim como o fim...



Era uma ensolarada quarta feira de Abril. O dia tinha tudo para ser promissor, músicas ao acordar, a esperança em seu coração, mas sempre com os pés no chão. As possibilidades eram as mesmas, do sucesso ou do fracasso, o futuro a Deus pertence, assim que tem que ser. 
Estava se sentindo bem aquela manhã, mais bonita, arrumada, de bem com a vida, um segundo plano, era tudo o que precisava, e este já estava definido..
Um arranha-céu então a surpreende. Definitivamente, o dia seria de altos e baixos!Sua intuição nunca a enganava...
A doutora dizia coisas que já não entravam em sua cabeça, os minutos pareciam se arrastar, qual seria a reação de seu coração com mais um engano? Será que iria chorar? Será que o sol lhe secaria as lágrimas ou nem mesmo o calor do dia poderia quebrar as paredes do gelo e da frieza da decepção?
A menos de meia hora para o fim, era óbvio que não tratava-se de  uma situação irrelevante. Seu coração já não cabia em seu peito, suas pernas estavam inquietas, suas mãos se moviam e desenhavam coisas sem nexo, checava o celular a cada minuto a espera de alguma notícia. Só mais alguns minutos...
Tão desacreditada que estava, tão sem esperanças e acostumada com o não, já botara sua fuga em ação. Um pequeno desvio em seu caminho, uma simples conferida aos redores, e quando a esperança se fora, o conformismo já era mais do que aparente, a maravilhosa surpresa, sob a sombra de uma árvore lá estava a razão de sua inquietação, o motivo de seus medos, a alegria de seu dia.
Uma miragem, não parecia ser real, lindo, encostado na parede, mascando um chiclete, um jeito de homem com ar de menino. Ah seu abraço, seu perfume, era inacreditável que estava ali, que ele viera, finalmente.
Uma viagem ao passado, memórias compartilhadas, risos, olhares de canto de olho, seu coração acalmara-se, mas ainda batia fortemente.Muito fortemente.
Não existiam mais outros ao seu redor, eram apenas eles. Sem sentido ou previsão, a continuação foi se seguindo muito rapidamente, como em um sonho, um conto de fadas...
Eis que o príncipe começa a mostrar seus defeitos, sua verdadeira face.. Mas continuva a ser perfeito. Sempre perfeito.
Vão até o estacionamento aonde o carro dele estava. Com muito orgulho ele o apresentara. Seu carro, seu patrimônio. Ela entra, ele liga o som, ela fica muito sem jeito, era certo estarem ali? Mas, sua inocência, e uma voz lhe dizia que nada ia acontecer, que seria apenas uma conversa, como no passado, dois amigos, apenas isso.
Conversam sobre os acontecimentos do passado, sobre o futuro, sonhos, desejos, apenas a música fala por eles agora. Ela de fato estava desconfortável, ele não tinha mais assunto também, então, toca o motivo  que os levara ali. Não haveria mais bolos, apenas doces, essa era sua promessa.
Sutilmente ele foi se aproximando dela e a beijou, um beijo doce, suave, perfeito. No mesmo instante ela toma consciência de seu ato e percebe que não é certo. Ele apenas ri e diz que serão perdoados. Ela não luta mais. Perdeu todas as forças contra essa batalha,entregou-se ao sentimento permitindo-se sentir o que a muito desejava. Foi um beijo intenso, delicado porém. Ele tinha o poder de unir o fogo ao gelo, o rude ao delicado. O doce de seu gosto, seu perfume, sua pele, seu toque. Ela já não tinha mais chão, perdera a última dose de razão, de ligação com a terra. Sinos soavam em sua cabeça, borboletas dançavam em seu estômago, desnorteada, é a melhor definição de como ela estava.
Então, ela simplesmente vira e começa a bate-lo. Ele ri e não compreende, primeiro beija e depois bate? " Entre tapas e beijos, é ódio é desejo"...
Era o reflexo da culpa. Ele já tem dona, alguém que ele ama, e que o ama, que ele vai ligar a noite e conversar, que vão passar o feriado juntos, que talvez casarão e terão filhos...
Por mais que seu falso moralismo fale mais alto, o desejo de te-lo de novo foi mais alto, e ela se entregou novamente. Era de se supor por sua maior idade e vivência que ele tentaria algo a mais... Um homem respeitador, pelo menos quanto a isso estava certa.
Momentos perfeitos a seu lado. Momentos porém que não poderão se repetir. Ele nunca poderá ser seu, tudo não passou de uma aventura, de uma louca aventura. Ela concretizou seu desejo de te-lo pelo menos uma vez e isso basta. 
Assim como o começo, o fim  se deu com um forte abraço e um beijo no rosto. Ela, a pequena, a bebê, ele seu eterno príncipe...

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